quinta-feira, 26 de agosto de 2010

100 DIAS 100 JUSTIÇA

"ESTE LADO PARA CIMA" foi apresentado ontem (25 de agosto), ao meio-dia, na Praça João Mendes, centro de São Paulo, durante ato dos servidores da justiça, em greve há mais de 100 dias. Veja abaixo texto escrito por integrante do Comando de Base da greve sobre a apresentação ( fonte: blog Judiciários - SP, Resistência 2010 http://judspgreve2010.blogspot.com/ ).

Brava Companhia! Transgressão teatral na Praça João Mendes, aos 120 dias de greve!!!

A Praça João Mendes foi o palco para a apresentação da peça "ESTE LADO PARA CIMA" da Brava Companhia, no dia 25/8, quando a GREVE do judiciário paulista completou 120 dias.
Alguns de nós grevistas, já havíamos assistido ao espetáculo no Largo São Bento, e consideramos muito interessante que a categoria tivesse oportunidade de assistí-lo. Então, por iniciativa do Comando da Base, e com apoio da Brava Companhia, foi organizada a apresentação.Debaixo de sol escaldante, a apresentação teve início por volta das 12 hs. Além dos grevistas, que aguardavam a realização de nossa assembléia geral, advogados, estagiários, não-grevistas, entre outros que passavam pela praça, intrigados com a movimentação, também ficaram para assistir. Um contingente de policiais observou à distância.

Foi um momento único, em que os grevistas tiveram a oportunidade de ver teatralizadas, cenas e discussões que se incopararam ao nosso cotidiano durante a GREVE. Capitalismo, luta de classes, poder, política, relações humanas, consumo, contradições pessoais e do sistema vigente, são temas do espetáculo, com os quais houve absoluta identidade e integração da platéia que se manteve atenta ao desenrolar de cada cena. Muitos se comoveram e até mesmo não-grevistas, tiveram a oportunidade de refletir sobre estas questões.Aqueles que por alguma razão, perderam a encenação e tiverem interesse em assistir, podem acessar o blog da brava http://blogdabrava.blogspot.com/, para saber dos locais, dias e horários em que há apresentações, e obter mais informações sobre o trabalho da Brava Companhia.Além de "ESTE LADO PARA CIMA", a Brava Companhia também apresenta o espetáculo "O ERRANTE", que trata de temática semelhante, embora sob outro ponto de vista.
Deixo aqui, em nome dos grevistas do judiciário, nosso agradecimento aos atores, atrizes e demais companheiros da Brava Companhia, que contribuíram para que a apresentação se realizasse. Considero que vocês são mais do que bravos, são bárbaros, são extraordinários meus caros!!! Parabéns, pela iniciativa e pelo excelente trabalho! Sorte, nesta e nas futuras empreitadas! O teatro de rua certamente merece todo nosso apoio.Abraço fraterno e grevista a todos.

Márcio Cotineli (Comando da Base - Fórum João Mendes)

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

"O ERRANTE" - nesta terça e sábado, no Sacolão das Artes

Circulação Brava Companhia com ESTE LADO PARA CIMA por bairros da periferia de São Paulo - parte 1

Domingo, 22 de agosto, 17h30, no calçadão do Pólo Cultural do Jardim América, região do Grajaú, periferia sul de São Paulo.
A Brava Companhia contou com a parceria da organização Comunidade Cidadã para essa apresentação que reuniu um grande público, numa tarde quente.
Abaixo, a Brava Companhia retorna ao Campo da Erundina, no Jardim Ibirapuera.

Domingo, 08 de agosto de 2010, 16h, Jardim Ibirapuera, periferia sul de São Paulo.

A apresentação começou assim que terminou o tradicional futebol.

Muita gente "chegou junto" nessa apresentação que rolou com o apoio do pessoal do Bloco do Beco.
Na imagem abaixo, crianças se acomodam para acompanhar melhor a encenação.
Abaixo, a estréia oficial na periferia de ESTE LADO PARA CIMA.
Foi numa noite fria de 1° de agosto de 2010, na Mostra de Teatro do Centro Cultural Monte Azul, no Jardim Monte Azul, periferia sul de São Paulo.
Abaixo, texto produzido por João Pires, parceiro da Brava Companhia, integrante do Coletivo Gestor do Sacolão das Artes, que acompanhou a apresentação de ESTE LADO PARA CIMA no Jardim Ibirapuera.
A Brava trouxe o Saxofone...

Descobri Brecht lá pelos oitenta numa montagem de Luz nas Trevas, no Madame Satã. Quem era paulicéia nos oitenta sabe. Nudez, anticlericalismo, ironia, acidez... Gente do céu, tudo aquilo me incomodou tanto, recatado ado papa hóstia que era.
Brecht e eu travamos então uma longa relação de amor e ódio: O Teatro de Arena, Fernando Peixoto, as montagens de Celso Frateschi e Márcio Aurélio. O ranço daquilo tudo era tão europeu, intelectual demais. Teatro alemão, para empregar o rótulo mais exato. Para o fogo aquilo tudo. Caca Rosset talvez tivesse podido ir além, se não fosse o culto excessivo à caixa registradora
Lá em Cuba, piorou a relação, indo Brecht de vez pra gaveta, junto com todos meus sonhos de comunismo oficial. As peças didáticas eram insuportáveis em sua inocência abusiva, a peças herméticas sem sal ou vontade – o sistema delimitando tudo, como se Brecht fosse religião.
O enterro definitivo do tal alemão, fiz vendo algumas daquelas peças chatas do teatro do subúrbio parisiense: cabeça em excesso e incapaz de olhar as coisas com os olhos fechados, coisa que aliás acontece poucas vezes no teatro daquela terra.
Nem os filmes de René Allio que traduziu com brilho e pujança a Velha Dama Indigna, nem as aulas de Jean Jordeuill , que trabalhou com tantos filhos de Brecht na França e na Alemanha impediram o féretro.
Só o Mouchkine pode reacender o prazer e o interesse por peças que não quisessem me ninar, explicar ou me hipnotizar. Como Brecht, soube tantas vezes elaborar pensamentos. Suas criações são um grande bate papo sobre o mundo moderno, com seus estrangeiros clandestinos, suas misérias, seu Hamlet feminino (Juliana Carneiro), um diálogo incessante com o público, em espetáculos onde o tempo e espaço são transgredidos e cada criação remete à seguinte.
Souberam dissolver Brecht e criar uma a arte que dialoga efetivamente com seu tempo, um teatroque esteja de olhos abertos para o mundo. Que limpe banheiro e saiba passar o rodo. Tudo isso sem deixar de ser teatral, sem deixar que o épico cubra o estético, que a reflexão mate a sensação.
A Brava consegue efetivar isto e seus espetáculos recentes: O Errante e, principalmente, em Este lado pra cima que tive a sorte de ver, há dois domingos, no campo da Erundima. Quem já rodou por aquelas quebradas sabe bem que barulho/poluição ali é de matar . Forro daqui, sertaneja ou funk dalí, carro aberto nas portas dos bares, sem esquecer o Corinthians x Palmeiras pela taça Brasil. Haja tímpano!
Mas o areão enegrecido pelos restos de fogueiras e colorido pelos tapetes do Bloco lotou. Na arena redonda delimitada por acessórios e instrumentos, sem escrúpulos ou viadismos, os bravos literalmente deitaram e rolaram, nos falando da grande fabulação que é o sistema ultra-liberal em que vivemos. Uma nova versão do espetáculo, que mergulha ainda mais naquilo que a Brava faz de melhor: ocupar a cena e botar a boca no trombone (saxofone). Chega de paciência! Pra quando a panciência?
O tal teor germânico dos anos oitenta infelizmente aparece aqui e ali, e o didatismo do jovem Brecht também. Mas é explosivo e irresponsável, pequeno burguês certamente, mas poético e irreverente, ao ponto de matar o barulho e cativar o povão do Jardim Ibirapuera.
Só lamento o tal do anticlericalismo, às vezes forçado. A perifa é mística e pentecostal, sempre em transe. É preciso considerá-lo, evitar o risco de cair no materialismo pagão do teatro esquerdão 60/70, que nos deu O Pagador sem promessas e A Gota d´Água sem Iansã...
Mas aquela percussão metálico-africana, marcando a cena da produção acelerada, é prova de que a macumba ronda e que uma hora dessas ela entrará de vez. Tempo ao tempo, os bravos estão apenas começando. Bravo!

João Pires

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

"O ERRANTE" - sábado, no Sacolão das Artes


Uma das ações da Brava Companhia neste ano de 2010, é uma "circulação de mão dupla", por bairros periféricos da cidade de São Paulo.
Aos domingos, a Companhia apresenta seu mais recente trabalho - ESTE LADO PARA CIMA - em locais como o Parelheiros, Jardim Ibirapuera, Grajaú, Jardim Monte Azul entre outros, e aos sábados, disponibiliza ônibus gratuitos para que o público dessas mesmas regiões seja trazido até o Sacolão das Artes para acompanhar o espetáculo O ERRANTE.
É uma das formas que a Brava Companhia encontrou de ampliar o contato e aprofundar as discussões propostas em seus espetáculos com o público, além de fortalecer o espaço do Sacolão das Artes.